Ah, os nobres vereadores, aqueles que outrora saíam de suas confortáveis residências para a Casa do Povo, a emblemática Câmara de Vereadores.
Contudo, com o passar dos anos, e mais ainda com a proximidade das eleições, algo mágico sempre acontece. Como se por encanto, os vereadores emergem das sombras, deixando para trás o aconchego dos gabinetes e o conforto dos corredores legislativos, para se aventurarem nas longínquas terras de Icó.
Sim, é nessa época de efervescência democrática que os vereadores eleitos pelo voto popular se transformam em ávidos caçadores, desbravando os recantos mais remotos do município em busca de prestígio eleitoral. De repente, eles aparecem, como se por mágica, distribuindo sorrisos, apertos de mão e promessas tão doces quanto efêmeras, que por sinal, no calendário eleitoral, ainda não se pode explicitamente pedir o tão famoso voto de confiança.
E como é fascinante observar essa metamorfose política! Os mesmos vereadores, que não são todos, deixando claro por aqui, que raramente eram vistos fora dos salões da Câmara, agora se tornam habitués dos eventos em comunidades, das inaugurações e das reuniões de bairro. É como se descobrissem, subitamente, a existência do povo que, por tanto tempo, parecia uma abstração distante.
Ah, e como não se encantar com suas habilidades? Os discursos inflamados, as promessas grandiosas, os gestos de solidariedade tão convenientes... Tudo isso compõe o espetáculo cênico da política em tempos e anos de eleição, onde cada vereador se transforma em um ator ávido por aplausos e, claro, por futuros votos da tal "confiança".
E assim, num passe de mágica que só o calendário eleitoral é capaz de proporcionar, os vereadores se tornam os paladinos das causas populares, os defensores incansáveis dos menos favorecidos, os arautos da mudança que, convenientemente, só acontecerá se forem reeleitos.
Ah, que bela dança da democracia! Enquanto as luzes dos holofotes eleitorais brilham intensamente sobre eles, os vereadores desfilam seus sorrisos ensaiados e suas promessas vazias, na esperança de conquistar o tão almejado voto popular.
E assim, enquanto a carroagem da política segue seu curso, os vereadores seguem seu roteiro, desempenhando seus papéis com maestria, até que chegue o momento de recolher as cortinas e voltar aos seus refúgios na Casa do Povo, onde, enfim, poderão descansar até a próxima temporada de caça aos votos.