O Estado do Ceará está vivenciando um fenômeno climático notável neste primeiro trimestre de 2024, com uma quantidade excepcional de chuvas que não era observada desde 2009. Até o momento, os pluviômetros da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) já registraram 657,8 milímetros de precipitação acumulada, marcando uma significativa mudança em relação aos anos anteriores.
Esses dados preliminares, embora sujeitos a pequenas variações, já superam os registros de chuva em anos inteiros recentes. Em contraste, em 2012, marcado pelo início da seca mais longa da história do Ceará, a precipitação anual foi de apenas 365,1 mm. As marcas subsequentes em 2013, 2014, 2015 e 2016 também ficaram aquém do esperado, com números que variaram de 523,3 mm a 551,3 mm.
A média anual de chuvas no Ceará é de aproximadamente 809,1 mm, sendo que a maior parte desse volume ocorre durante a quadra chuvosa, entre fevereiro e maio, que concentra cerca de 67% da precipitação esperada. Tradicionalmente, março, abril, fevereiro e maio são os meses que acumulam os maiores índices pluviométricos.
O ano de 2024 começou com prognósticos meteorológicos incertos, já que o fenômeno El Niño, que geralmente tende a diminuir a precipitação na região Nordeste do Brasil, indicava uma probabilidade de 45% de chuvas abaixo da média histórica. No entanto, a imprevisibilidade da natureza surpreendeu, com a influência de um Oceano Atlântico excepcionalmente aquecido, que afetou a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e promoveu as chuvas.
Os números impressionantes de precipitação estão bem distribuídos por todas as regiões hidrográficas do Ceará. Atualmente, 10 das 12 regiões registram chuvas acima do esperado para o trimestre de fevereiro a abril, com destaques para o Litoral, Curu, Baixo Jaguaribe, Metropolitana, Coreaú e Salgado, com percentuais que variam de 32,6% a 42% acima da média.
Com as chuvas deste ano, o Ceará registra uma melhoria significativa em seus reservatórios hídricos. Dos 157 açudes públicos monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), 69 já estão sangrando e outros 13 estão com mais de 90% de sua capacidade, podendo transbordar em breve. Destaque para o Castanhão, que possui 33,55% de carga, o Orós com 72,43%, o Banabuiú com 41,24%, e o Araras, em Varjota, que está totalmente cheio desde 10 de abril.
Os números históricos de volume de chuvas no Ceará entre fevereiro e abril refletem a excepcionalidade deste ano, com 657,8 mm registrados até o momento em comparação com a média histórica de 518,5 mm para esse período.