No último ano, o município de Icó, situado nas regiões do Centro Sul e dos sertões cearenses, desponta como o epicentro de focos de calor, conforme revela a primeira edição do Anuário de Focos de Calor, divulgado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
Quando o solo alcança uma temperatura superior a 47°C, indicando possíveis focos de incêndio na vegetação, satélites que monitoram o Ceará identificam esses pontos como "focos de calor". Em 2023, o Estado testemunhou um aumento alarmante desses eventos, totalizando cerca de 94 mil ocorrências em todas as suas regiões.
Os dados, compilados por 10 satélites que monitoram diariamente o território cearense, revelam que Icó liderou com 3.748 focos de calor, seguido por Acopiara (3.085), Mombaça (2.800), Saboeiro (2.152) e Crateús (2.094).
Segundo o meteorologista Frank Baima, responsável pela análise dos dados, embora os números não sejam precisos devido à possibilidade de duplicidade nos registros, os meses de setembro a dezembro, conhecidos como período "B-R-O bro", historicamente testemunham um pico dessas ocorrências.
Baima explica que a diminuição das chuvas e o aumento das temperaturas no segundo semestre propiciam as queimadas, com as condições climáticas tornando-se ideais para a propagação do fogo. No entanto, ele ressalta que a principal causa dos incêndios é a ação humana.
Embora paradoxalmente, as duas últimas quadras chuvosas positivas tenham favorecido o crescimento da vegetação, essa mesma vegetação, agora seca, torna-se vulnerável durante o período seco, contribuindo para a propagação do fogo.
Os focos de calor não apenas impactam o clima, mas também causam danos significativos ao meio ambiente, prejudicando a biodiversidade e a saúde humana. Frank Baima destaca que além das consequências imediatas, como desconforto térmico, esses incêndios também acarretam em problemas de saúde a médio e longo prazo, aumentando a carga sobre o sistema de saúde estadual.
Portanto, o desafio de conter os incêndios florestais não se limita apenas ao combate ao fogo, mas também à implementação de políticas e práticas que abordem as causas subjacentes desses eventos, garantindo a preservação da natureza e o bem-estar da população cearense.