Nos últimos meses, a cidade de Icó tem atraído empresas de grande porte, prometendo aquecer a economia local e oferecer novas oportunidades de emprego. No entanto, os empresários que investem na região enfrentam um desafio inesperado: a dificuldade em contratar trabalhadores locais. O principal obstáculo relatado é a dependência dos auxílios governamentais, como o Bolsa Família, que leva muitos moradores a hesitarem em assumir empregos formais, temendo perder o benefício.
Curiosamente, essa situação ocorre em uma cidade onde, há anos, uma população clama por mais oportunidades de trabalho. "Sempre ouvimos muitas pessoas reclamando da falta de emprego em Icó. Agora que finalmente as empresas estão chegando, essas mesmas pessoas acabam perdendo a chance de melhorar sua renda por causa da dependência dos auxílios governamentais", relatou um comerciante, que vê de perto essa contradição.
As empresas que estão se estabelecendo em Icó relatam dificuldades para preencher vagas em diferentes setores, especialmente aquelas que oferecem trabalho futuro ao valor recebido por muitas famílias através do Bolsa Família. Um empresário do setor de construção civil explicou: "Oferecemos vagas com variação de R$ 1.300 a R$ 1.500, mas muitos não aceitam porque temem perder o auxílio. Isso acaba limitando o acesso dessas pessoas a um emprego formal, com carteira assinada e benefícios ".
A relutância em aceitar empregos formais, mesmo em meio à falta de trabalho relatado anteriormente pela população, revela um desafio para o desenvolvimento econômico de Icó. De acordo com especialistas, a situação evidencia a necessidade de políticas que façam uma transição mais suave entre o auxílio governamental e a inserção no mercado de trabalho.
Enquanto isso, os empresários em Icó tentaram contornar o problema promovendo vagas de capacitação e conscientização sobre os benefícios a longo prazo de um emprego formal, como direitos trabalhistas e previdência social. Contudo, muitos ainda encontram resistência, o que afeta diretamente a produtividade das empresas que estão iniciando suas operações na cidade.
A chegada dessas empresas a Icó representava uma esperança para reduzir o desemprego e melhorar a qualidade de vida da cidade, mas a dependência dos programas assistenciais tem mostrado que, para parte da população, a segurança oferecida pelo Bolsa Família fala mais alto.
BOLSA FAMÍLIA EM ICÓ
Icó, apresenta um dado surpreendente que afeta diretamente o desenvolvimento econômico da cidade. Dos 62.642 habitantes, segundo o IBGE em 2022, 31.750 são beneficiários do programa Bolsa Família, o que representa mais da metade da população (aproximadamente 50,7%).
Titulares do Bolsa Família podem perder o benefício após conseguirem emprego?
Trabalhar com carteira assinada agora não leva à exclusão automática do Bolsa Família. No entanto, para assegurar a continuidade no recebimento do benefício, é crucial estar ciente de algumas diretrizes específicas.
Com a introdução da “Regra de Proteção”, caso um membro da família obtenha um emprego formal e a renda per capita ultrapasse o limite de entrada no programa (R$218,00 por pessoa) mas não exceda meio salário-mínimo por pessoa (R$706,00), o benefício será mantido, porém com ajustes.
Critérios de Elegibilidade sob a Nova Regra:
- Para Rendas entre R$218,00 e R$706,00 per capita: A família em questão terá direito a receber 50% do valor do Bolsa Família por um período de dois anos. Este ajuste visa proporcionar um período de transição para as famílias que estão melhorando sua condição financeira por meio do trabalho formal.
- Para Rendas até R$218,00 per capita: Caso a renda familiar per capita se mantenha neste patamar, mesmo após um membro conseguir emprego com carteira assinada, o benefício do Bolsa Família será preservado integralmente, sem reduções.
- Para Rendas acima de R$706,00 per capita: Se a renda per capita da família exceder esse limite, o benefício do Bolsa Família poderá ser cancelado de imediato.
